Prender-ter-me enfim


Ai de mim que me perdi em amores tantos que fiquei tonta. Vivendo alegrias descontinuadas, mal acabadas, alegrias temporárias que arrastei como arrastam-se os dias.
Fiquei assim, um dia macia dentro do abraço do moço que jurou ficar, ficar fora de mim e das minhas vistas míopes. Antes macia, virei pedra de tanto gastar a maciez na vaga lembrança do sabor daquele beijo.
Me perdi de tanto velejar pelos tempos, indo de um lado pro outro sem nunca voltar pra casa, sem nunca ter um lar pra ficar, ficar e deixar meu cheiro. Carreguei tantas mochilas que me desconheço em peso. Não sei se tenho alguns tantos quilos, toneladas ou quilômetros.
Fui tão feliz que o riso enlarguesceu, frouxo agora, caído, já não sabe se abrir com as manhãs. Me perdi, disso eu sei, disso eu só sei.
Farta de tanta gente que passa por mim como se eu fosse uma avenida, destas que se passa com tanta pressa pra não causar engavetamento. Me tocam como corrimão, correm, é tudo tão de pressa que não deixa digitais.
Cansada de não dar tempo de olhar nos olhos pra descobrir se é a hora de ficar e me fazer feliz. Exausta de me repetir milhões de vezes que mereço algo bom pra sempre e o coração sentir o contrário. Quero pertencer às contas que somam e nunca terminam, e poder ficar, em dias de sol ou de temporal.

Camila Heloíse

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Aline Souza

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