Sabe aqueles momentos que você daria tudo pra livrar sua cabeça de um pensamento? Aquele pensamento que ronda sua mente, te importuna e te incomoda? Só o que você quer é fazer um bloqueio mental pra não mais lembrar daquilo. Você tenta distrair-se e sem ao menos notar, lá está ele de novo, trazendo à tona tudo o que você quer esquecer.

E como se não bastasse, seu corpo responde de acordo com seu pensamento. Você sente fome, mas não consegue comer. Sente sono, mas não consegue dormir. Tudo te leva à mesma estaca zero: reviver aquele momento tão amargo, dentro da sua cabeça, várias e várias vezes parecendo não ter fim.

Se ao menos fosse uma lembrança doce do seu rosto radiante brilhando de alegria com o seu lindo sorriso estampado de orelha e orelha. Mas quando o jogo inverte, ou seja, que essa lembrança permanecerá fruto da minha imaginação, e não da minha realidade, é a pior das frustrações.

O desejo de tê-la ao meu lado, e quem sabe ser o motivo desse sorriso antes descrito gera a determinação de lutar. E como toda luta, às vezes perdemos, às vezes vencemos. Mas já cansei de perder.

Por você eu me reinventei. Amadureci, cresci, aprendi, vivi, revivi e agi... Só não venci. Amadureci nos pensamentos, nas atitudes, mudei meu jeito pra te provar que poderia fazê-la feliz; Cresci dentro do coração, me tornei um homem, não mais um menino; Aprendi a dar valor ao sentimento das pessoas e dar valor ao meu sentimento também; Vivi experiências que mudaram meu jeito de ser, e reviveria tudo de novo; Agi da forma que achei prudente, mas não foi o bastante; E a vitória, cadê?

Fiz coisas por você que jamais faria por outra e jamais fariam por ti. Abandonei antigos princípios e lógicas, passando por cima da minha razão com o pensamento de que tudo valeria a pena se fosse por você. Será que me enganei?

E naquele dia em que tudo parecia estar certo e o caminho trilhado parecia no rumo da vitória, mais uma derrota veio a amargar. Então, nessa noite fria de outono, me vejo sem chão e sem esperanças pro futuro, apenas com aquele mesmo pensamento e um coração partido. E como dói um coração partido.

Ele aperta dentro do seu peito de uma maneira tão forte que o torna sensível. Sensível às lembranças felizes e tristes que tive contigo, ainda que as tristes prevalecessem. E a dor então se transforma em lágrima. A lágrima que nasce nos meus olhos que tanto te admiraram, que escorre pelo meu rosto e finalmente morre em meu peito. E é de lá que ela retoma a virar outra lágrima. Esse coração já cansou de sofrer por ti!

Então, pensamento que tanto me incomoda, agora que o reproduzi para o papel, peço que pare de me incomodar. Que fique no papel e de lá nunca mais saia. Que um dia eu possa lê-lo e sorrir por ter vencido, não só esse problema, como também a minha luta. E finalmente, com a minha amada ao meu lado, meu coração possa parar de chorar a noite para dar lugar a maior das alegrias... A alegria de tê-la para mim.


Autor: Eduardo Julianelli



Ana Jácomo

Ouço com frequência pessoas dizerem que fulano, sicrano, beltrano, não mudarão, ao fazer referência a dificuldades que experimentam, sejam lá em quais territórios da vida. Pior até: não mudarão nunca, esse tempo que quer ser algoz das mais sinceras tentativas e das mais ternas esperanças. Dizem, às vezes, com ares de profecia inequívoca. Com o tom assertivo da sentença. Com a perspectiva que não considera a vontade de cada um, o tempo de cada um, a história de cada um. A força dos gestos, embora tantas vezes ainda tímidos, ainda ensaios, ainda infrutíferos. A ação transformadora da impermanência, com os contextos que cria e os desdobramentos que produz. Dizem, esquecidas das voltas que o mundo dá. Dos caminhos que trilha e descobre, dia após dia, experiência a experiência, todo coração. Dizem, esquecidas da gentileza.

Eu também já disse, num tempo em que meu julgamento era maior e a auto-observação era só palavra. Não digo mais, aprendi principalmente na convivência comigo que mudança um monte de vezes é inevitável, que em alguns trechos da jornada faz diferença à beça, mas que também é coisa trabalhosa e delicada. Que em algumas circunstâncias não adianta querer mudar repentinamente se ainda não se pode: como num jogo de pega-varetas, alguns movimentos bruscos, precipitados, descuidados, são capazes de fazer as outras peças todas desmoronarem. No jogo, tranquilo, apenas perdemos a rodada; na vida, a história pode complicar. Mudança nem sempre é pra quando se quer, mudança tem vez que é também e somente pra quando já se consegue. Claro que é possível conseguir quando realmente se deseja, ninguém está condenado a paralisar em lugares indesejados para não desmentir a profecia alheia, mas é preciso ter paciência, estoques dela.

Eu já mudei muito. Eu já mudei enquanto nem mesmo percebia pela ação silenciosa de acontecimentos. Eu já mudei coisas que eu nem acreditava ser capaz. Eu mudo todo dia como toda gente. E também aquilo que, embora eu queira tanto, eu tente tanto, ainda não consigo mudar me faz mais empática e generosa; mais confiante de que somos capazes das mudanças que podem nos tornar melhores, primeiro para nós mesmos, se não desistirmos de nós mesmos. Mas, no nosso tempo. Com todo respeito e gentileza possíveis. Com gratidão àquilo que já conquistamos. Passo a passo daqueles que de verdade já conseguimos dar.

Amar e ser amor


Se o amor fosse fácil, não se chamaria amor, chamaria-se gostar. Esse é o grande desafio da vida: amar alguém. Por esse motivo existem tantos divórcios, tanta gente de coração partido, tanta gente infeliz. O mundo carece de amor, de pessoas prontas pra entrar de cabeça nesse desafio.

O amor não promete ser feliz para sempre, isso é uma grande mentira. O amor é prova de fogo, é saber entristecer e não morrer porque está doendo em algum canto da alma. O amor exige calma, tolerância, confiança, sabedoria, bom humor e claro, a vontade de doar e se doar.

A maior distancia entre dois pontos pode ser o momento em que você descobre o amor e o momento em que você se torna capaz de se relacionar e passar o resto da sua vida ao lado dele. A maioria das pessoas passam a vida nesse intermédio. O amor não muda de casa, não se divide na separação de bens.

Não existe amores impossíveis, existem apenas pessoas incapazes, porque de todo impossivel, somos nós o criador. O amor não é infinito, o amor é definitivo, seja ele triste ou triunfante, esse amor será todo estado permanente, porque gostar é vírgula, amor é ponto final.

Sentido por Caroline Prates

Prender-ter-me enfim


Ai de mim que me perdi em amores tantos que fiquei tonta. Vivendo alegrias descontinuadas, mal acabadas, alegrias temporárias que arrastei como arrastam-se os dias.
Fiquei assim, um dia macia dentro do abraço do moço que jurou ficar, ficar fora de mim e das minhas vistas míopes. Antes macia, virei pedra de tanto gastar a maciez na vaga lembrança do sabor daquele beijo.
Me perdi de tanto velejar pelos tempos, indo de um lado pro outro sem nunca voltar pra casa, sem nunca ter um lar pra ficar, ficar e deixar meu cheiro. Carreguei tantas mochilas que me desconheço em peso. Não sei se tenho alguns tantos quilos, toneladas ou quilômetros.
Fui tão feliz que o riso enlarguesceu, frouxo agora, caído, já não sabe se abrir com as manhãs. Me perdi, disso eu sei, disso eu só sei.
Farta de tanta gente que passa por mim como se eu fosse uma avenida, destas que se passa com tanta pressa pra não causar engavetamento. Me tocam como corrimão, correm, é tudo tão de pressa que não deixa digitais.
Cansada de não dar tempo de olhar nos olhos pra descobrir se é a hora de ficar e me fazer feliz. Exausta de me repetir milhões de vezes que mereço algo bom pra sempre e o coração sentir o contrário. Quero pertencer às contas que somam e nunca terminam, e poder ficar, em dias de sol ou de temporal.

Camila Heloíse

Aline Souza

Aline Souza
A Dona da voz mais linda !